Fonte: ABC.es - Este senhor ali do lado esquerdo é o Presidente de Portugal e mais à frente a sua esposa.
Cavaco Silva iniciou hoje uma visita a Espanha ofuscada pelo dia do Guerreiro Basco e mais tarde pelo anúncio que vem mais um infante ou infanta (para desgosto dos mais tradicionalistas) a caminho.
Numa justaposição entre a visita de Sócrates ao Brasil e a de Cavaco a Espanha, a imprensa deste dois países que julgamos próximos e historicamente ligados, ignorou totalmente estas duas visitas.
Em Portugal falou-se muito sobre a comitiva imperial que se deslocou ao Brasil, como se fosse a ultima grande oportunidade de fortalecer as relações entre os dois países, mas o interesse relacionado com o escândalo permanente em que se tornaram as eleições brasileiras não permitiu que quase ninguém percebesse que Sócrates estava por lá apesar do jogging no calçadão, e acabou por voltar de mãos vazias.
Cavaco vai a Espanha e apesar da invulgar e desinteressante entrevista (invulgar porque nenhum jornal português teve ainda esse privilégio e desinteressante porque apenas confirma as frases feitas a que já nos habituou) ao El pais, e Cavaco teria passado completamente ao lado da informação espanhola, cujos principais jornais deram prioridade a outros assuntos.
Apesar disso, e hoje à noite o Prós e Contras será disso um exemplo, deste lado da fronteira continuamos a brincar ao suposto federalismo e a tentar ver-lhe vantagens e defeitos quando em Espanha isso não é sequer assunto no que toca a Portugal mas sim às diversas nacionalidades espanholas.
Espanha tem o relacionamento que quer com Portugal e com os restantes países da união. É respeitada internacionalmente e sofre um grande desenvolvimento económico em que Portugal e os outros também ajudam, e não tem interesse nenhum em saber se aos portugueses agrada ou não terem os espanhóis como vizinhos. Era o que mais faltava que fossem os espanhóis a dizer-nos como deviamos ser um todo nacional, mas parece que queremos urgentemente que eles resolvam esse nosso problema.
Nós continuamos a não compreender que estamos casados com a Europa e por acaso Espanha é nossa vizinha, mas também faz parte da Europa que resolvemos integrar. Ainda assim, continuamos, felizes, a reinventar o fado do papão espanhol a quem demos um valente pontapé no cú há uns séculos atrás.
É triste o estado a que chegámos por incúria dos nossos governantes. Ninguém lhes liga em Portugal e muito menos no estrangeiro. Não conseguimos estar à altura dos países onde supostamente as relações históricas nos poderiam ajudar, e tudo acaba por se resumir aos gadgets com software made in Portugal com o preço dos pipis nos restaurantes lá da travessa do Possolo, que o nosso presidente pode dar ao único espanhol que realmente se importa com Portugal, que é o rei Juan Carlos.
Espanha pode ser uma prioridade, mas não é compreensível que nos portemos em relação aos espanhóis de forma estupidamente complexada como o fazemos. Espanha pode ser uma porta aberta desde que a saibamos utilizar e não uma ameaça como alguns querem alimentar até porque se fosse uma ameaça, não haveria muito que pudéssemos fazer, pois não?
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