sexta-feira, outubro 12, 2007

Tempo de partir

Hoje completam-se três anos de Suburbano e de blogosfera. É o tempo certo para partir.
Ter um blog é um desafio que por vezes ameaça dominar as nossas vidas. Já me podiam escapar poucas coisas, mas a partir do momento em que se passa para o “papel” as ideias que vão aparecendo, multiplicam-se os rabiscos nos bolsos com tópicos ou multiplicam-se as notas dos organizers dos telefones, com textos incompletos que acabam por nunca ver a luz do dia.
Um blog dá trabalho, mas é um bom tratamento para a loucura dos bloggers que por aí andam. E se um já dá trabalho, quanto mais 4, que foi o número de blogues por onde passei nos últimos três anos.
O problema está em perceber quando deve terminar. Tudo acaba por terminar e a única decisão é perceber se vale a pena resistir ao medo de deixar as coisas a meio ou pelo contrário fazer chegar a bom porto um projecto. Este blog nunca foi um projecto, nunca teve muitas regras e claramente atingir três anos é um disparate. Apareceram muitas iniciativas mas que acabaram por morrer na praia, houve muitas respostas que ficaram por dar e muitos assuntos por abordar. Mais concretamente 92 textos que ficaram por escrever ou ficaram meios escrevinhados em rascunho dos mais de 1600 publicados.
Até se pode dizer que perdi o interesse. Mas isso não é bem verdade, muito embora se notem bem os momentos em que isso ocorreu. Continuo a ter muitas coisas para dizer, mas um blog sobre tudo e coisa nenhuma consome-se a si próprio até à extinção. Vive como caixa de ressonância da agenda mediática e dos humores flutuantes do seu autor e por isso é fortemente influenciado por factores externos.
Não posso negar que estou um pouco desiludido com a Internet e mais concretamente com a blogosfera. Este meio que tanto prometia tornou-se um empecilho à verdade, porque esta deixou de interessar. Como bem encabeça um blog da nossa praça “Não deixe que a verdade estrague uma boa história”. Mea culpa eu sei, porque cá tenho andado metido. Mas aqui nada mais existe que uma interpretação da realidade, muitas vezes distorcida ao sabor dos mais variados interesses pessoais ou outros, que não permitem ao mais incauto dos leitores perceber quais são os factos verdadeiros. A blogosfera não parece particularmente preocupada com isso. Na realidade este meio tornou-se o princípio e o fim de tudo. O mal e a cura. A fome mas também a fartura. Todas as dúvidas e todas as soluções podem aqui ser encontradas e alguns bloggers sentam-se sobre uma montanha de sapiência acumulada, e sozinhos contemplam os restantes de forma paternalista e condescendente, como se esses não tivessem visto ainda a verdadeira luz de que deles emana…
Mas parto com amizade (onde é que eu já ouvi isto), tive o prazer de conhecer, virtualmente e não só, algumas das pessoas com quem troquei ideias e com quem acabei por escrever.
Vou-me embora, mas como o outro, vou acabar por não estar aqui, mas andar por aí.
O Suburbano ainda vai ficar na blogosfera durante algum tempo e eu continuarei a ter gosto em ler alguns, poucos, blogues.
Vou dedicar-me a outras tarefas fora desta realidade, mas isto não é necessariamente um até nunca. A porta não está fechada a novos blogues e projectos, mas não para já.
Não farei dedicatórias especiais, mas em particular a todos os que comigo colaboraram no Suburbano, n’O Eleito, no Dolo Eventual e no Canções dos meus dias, o meu Obrigado.

A todos quantos me cruzei por aí, as melhores felicidades.

Construir um País

Precisa-se de Matéria-Prima para construir um País

Eduardo Prado Coelho - in Público

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria-prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito.
Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram o lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos.
Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
Onde nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame.
Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.
Como "matéria-prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...
Fico triste. Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria-prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier.
Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa.
E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados…igualmente abusados!
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um Messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.
E você, o que pensa?.... MEDITE!

Eduardo Prado Coelho

Mais um... o 3º





terça-feira, outubro 09, 2007

A PIDE em nós

É sempre bom gritar umas alarvidades e dizer aqui d'el rei que vem aí a PIDE. Mas as verdadeira análise dos acontecimentos fica sempre por fazer... Por alguma razão será...
Por exemplo: todos os jornais e telejornais falaram nos documentos que a polícia terá levado da sede do sindicato. Mas o sindicato teve a amabilidade de esclarecer algum jornalista sobre que documentos eram esses? E se teve porque razão a comunicação social não revelou o carácter destes documentos optando por os classificar como "os documentos"? São documentos internos do sindicato ou serão simples panfletos? O sindicato alguma vez referiu que a polícia levou documentos (os tais não identificados) contra a vontade dos sindicalistas? Então porque razão o secretismo sobre o teor dos documentos?
Mais questões interessantes... O PCP mostrou desagrado por não saber a hora da visita à Covilhã e terá sido informado da hora pelo gabinete do primeiro-ministro. O PCP fez-se representar nesta iniciativa? Se não se fez representar porquê a insistência sobre as horas da chegada do primeiro-ministro? Ainda que a hora tenha sido fornecida, a democracia está em risco quando um partido da oposição (o terceiro ou quarto mais votado) desconhece a hora exacta de uma iniciativa no âmbito da Presidência da União Europeia, anunciada há várias semanas? Podemos imaginar que o PCP respeita um princípio de reciprocidade, informando os restantes partidos e o governo das suas iniciativas?
Aparentemente estiveram pouco mais de 100 pessoas no protesto da Covilhã. Não estiveram mais porque ficaram intimidadas? A recolha de documentos não identificados intimida pessoas não identificadas? E a recolha de documentos identificados continuaria a intimidar? Talvez não, porque na realidade não estamos a falar de documentos, afinal estamos mesmo a falar de panfletos, daqueles que o sindicato distribui na rua, mas que subitamente ganham mais peso se lhes podermos chamar “documentos”.
Mais... Os sindicatos reconhecem como legítima a necessidade de organizar a segurança de uma visita do primeiro-ministro e de vários outros elementos do governo e da união europeia? Se sim, estão dispostos a colaborar com a polícia, ou antes pelo contrário qualquer colaboração com a polícia não será mais que isso mesmo - colaboracionismo?
Na sociedade preconizada pelos sindicatos há polícia? Ela é necessária? É? E para quê? Se a policia é necessária nessa sociedade os sindicatos contemplam a possibilidade de colaborar com essa polícia? Se sim, porque não o fazem já uma vez que preconizam objectivos de uma sociedade diferente e uma vez que esta polícia parece não querer a colaboração dos sindicatos?
E muitas mais perguntas se poderiam por aqui colocar.
Não é meu objectivo defender e ou justificar o que eventualmente se passou na Covilhã, mas sim chamar a atenção para o consecutivo tratamento tendencioso de que são alvo estas noticias e que como se pode ver podem ser tratadas de forma tendenciosa independentemente do lado de quem as observa. E no meio dos disparates que se disparam é difícil perceber onde está mesmo a realidade ou sequer se há um real interesse em perceber onde está a verdade.
A PIDE não voltou, antes pelo contrário foi ficando e instalando-se um pouco em todas as nossas cabeças. Todos criámos uma pidesca tendência de vigiarmos os outros e de os acharmos eternamente pouco confiáveis.
As teorias de conspiração estão ao alcance de todos, e compete-nos fazer precisamente a distinção entre o que é real e o que é simplesmente gritado aos megafones da televisão como excelente plateia para reivindicações anacrónicas.
É-me totalmente indiferente a opinião que o PCP e os sindicatos têm sobre este governo e o seu suposto totalitarismo. Porque do meu ponto de vista, sim, talvez seja exclusivamente meu (mas não creio) este governo não pode ser acusado de totalitarismo, para mais porque muitas das suas medidas levam a uma maior justiça social, que apenas pode levar a uma maior e melhor democracia. Mas lá está, esta é apenas a minha opinião.
Mas aprendamos todos a reconhecer a diferença e a aceitar as diferentes opiniões. Saibamos distingui-las sem recurso a palavras de ordem ou chavões porque estes não contribuem para o esclarecimento necessário. Antes contribuem para um ambiente de constante clivagem entre não se sabe muito bem quem.
Enquanto andamos divertidos a brincar ao partidos que totalitarizam ou não, os verdadeiros filhos dos PIDEs lançam-nos ameaças pela Internet e esses não tiveram direito a qualquer escrutínio superior a 2 ou 3 minutos, mas sem nos apercebermos vão crescendo, crescendo e quando menos se esperar acabaremos por ser mordidos.
Nessa altura poderemos todos espantar perante a nossa total ignorância.

Life sucks

Esta coisa de andar pelo comboio a acordar pessoas para que mostrem os bilhetes, só pode ser um dos piores empregos que existem. Nem sequer é um trabalho pesado, mas não é respeitado por ninguém e isso nota-se nas caras de cada um.

A importância do inglês no primeiro ciclo

sábado, setembro 29, 2007

A montanha pariu um rato

A peixarada continua a resultar neste país. Agora vamos ver quem é que na realidade era elitista, sulista e liberal. Vamos perceber o que raio isso queria dizer e vamos saber se o contrário disso constitui algo de realmente novo, ou um populismo desenfreado.
Quem não deve estar a gostar nada disto é o Portas.

quarta-feira, setembro 26, 2007

É do sangue marialva...

Santana Lopes acaba de ter a sua melhor atitude de sempre. Devido à totalmente injustificada interrupção da sua entrevista para mostrar parte de um carro, onde aparentemente circula um treinador de futebol que chegou à portela de avião particular, Santana questionou a jornalista se a interrupção se justificava e afirmou que o país está doido.
Perante a justificação por critérios editoriais resolveu invocar ou seus próprios critérios para não continuar com a entrevista.
Esteve bem, realmente nada justifica que se interrompa uma entrevista porque alguns obscuros critérios editoriais obrigam-nos a ver uma simples partida de uma suposta estrela, no seu carro, rodeado de jornalistas.
O único problema é que Santana gosta demais da televisão para lhe fazer isto...

Um rio de cultura atomatada (3)


Desta vez o tempo era pouco e por isso a fatal viagem de Bus Turistic tinha de ocorrer, pois não houve oportunidade para entrar em museus e monumentos. A volta não é como a de outras cidades. É bem mais pequena e não são muitas as paragens, pelo que o tradicional hop on - hop off não resulta tão bem.
Valência é a terceira cidade de Espanha em termos de área metropolitana. Mas o seu centro histórico é muito condensado na margem direita de um cotovelo que o Túria escavou. Nesta zona, estão todos os monumentos dos quais se destaca La Lonja, uma igreja encimada por uma pomba na sua torre, onde os pais que abandonavam os filhos ao cuidado da igreja, pediam que olhassem para cima enquanto eles se escapuliam pelas ruas estreitas. O Mercat Central, um edifício com uma estrutura em ferro ornamentado por vitrais e azulejos coloridos. Ou as duas torres que em tempos foram porta de entrada da cidade, a Torre de Serranos e a Torre de Quart. As torres são respectivamente dos séculos XIV e XV, mas as primeiras estão tão bem conservadas que parecem ser bem mais recentes. Já as Torres de Quart mostram os sinais do tempo e também as marcas do avanço das tropas napoleónicas sobre a cidade, durante a Guerra da Independência espanhola. Passando por baixo desta, a Carrer de Quart e depois a Carrer de Caballeros levam-nos ao centro da cidade, à Praça da Virgem e a toda a zona comercial.
Mas por mais estranho que pareça, voltamos sempre ao rio, porque é no rio, ou pelo menos em parte do seu antigo leito que reside desde 1998 a nova jóia da coroa valenciana. A Ciutat de les Artes i de les Ciences, obra do nosso também já familiar Calatrava e que ocupa uma área relativamente extensa da zona leste da cidade, a caminho do porto e do mar. A volumetria dos edifícios e mas ao mesmo tempo a sua harmonia é impressionante. O complexo possui várias estruturas, L’ Hemisféric (uma espécie de cinema 3D/360º/Imax), L’ Umbracle (uma estrutura ajardinada), L’ Oceanográfic (um aquário como o de Lisboa mas com partes ao ar livre), Palau de les ciènces Príncipe Felipe (um Visionarium ou um pavilhão do conhecimento) e O Palau de les Arts Reina Sofia (ainda não está pronto mas será composto de museus e salas de espectáculos). Valência não deu para mais, mas ainda assim poderia escrever mais uns seis posts. Não terá sido uma cidade surpreendente e nalguns aspectos é capaz de ter deixado algo a desejar, mas tenho confiança que talvez apreciada com mais calma a cidade possa ter outro encanto. Até sempre.


terça-feira, setembro 25, 2007

Novo elemento da família suburbana


A família suburbana acaba de aumentar. Não fosse o tamanho, já de si substancial do senhor lá de trás que olha desconfiado para este aqui da frente, resolvi dar-lhe alguma companhia e previsivelmente algum sossego para mim.
Assim o novo inquilino de (ainda) reduzidas dimensões vai adaptando-se aos poucos à nova casa e à nova companhia 7 vezes mais pesada que ele próprio.
Ainda sem nome mas em processo de escolha por concurso internacional... não queremos melindrar nenhum consórcio :)

sexta-feira, setembro 21, 2007

Um rio de cultura atomatada (2)


Ok, não há rio. Cada um decide sobre a sua cidade e faz-lhe o que entende. Aliás a ideia de uma espécie de Central Park pelo meio da cidade, nem sequer é totalmente disparatada, e é provavelmente melhor do que encher tudo de prédios. Mas e então o Mar, onde fica?
Também não? Pois, assim é complicado fazer uma regata... Mas a verdade é que ela se fez em detrimento da candidatura de Cascais/Lisboa.
O Mar está lá, mas obriga-nos a uma relativamente longa viagem de eléctrico, para lá chegar. Valência é mais ou menos como Aveiro, mas sem ria...
No fim do percurso, a praia e o porto. Como todos (ou quase) os locais de grandes eventos que custam milhões de Euros, o recinto de apoio à America’s Cup está praticamente ao abandono. Tem um café e uma loja de souvenirs. Nós três éramos a maioria das pessoas no local, sem contar com os funcionários.
Mas a praia é bonita. Longas costas, bem guarnecidas de passeios largos, restaurantes cafés e hotéis e pelo que dá para ver boas infra-estrutura de apoio à praia. Toda a zona parece um pequeno bairro piscatório que deu lugar ao turismo (onde é que eu já vi isto…), onde os preços acompanham a qualidade de renovação feita para a America’s Cup.
Em Valência é preciso andar. Andar muito, quase sempre para acabar numa das três principais praças da Cidade. A do Ajuntament, a de la Reina e a da Virgem.
Sim, não me enganei, é mesmo Ajuntament. Nesta parte de Espanha, como em tantas outras existe uma segunda língua. Aqui é catalão que se fala… Que nenhum valenciano me ouça senão ainda me dá uma bordoada. É que aquilo que eles dizem falar é Valenciá e não Catalá. Só o mais empenhado dos académicos consegue perceber onde está a diferença. Mas não interessa nada porque parece na mesma que se estão todos a cuspir e em Valência quase ninguém fala mesmo valenciano.
É mais como uma espécie de coisa gira para turista ver. Ter os nomes dos edifícios oficiais e dos Carrers (ruas) em duas línguas dá sempre mais personalidade a um sitio. É a mística…


quarta-feira, setembro 19, 2007

Um rio de cultura atomatada (1)



Valência não tem tomates. Antes tivesse, ou se calhar até tem, mas apodreceram... É a única forma de se conseguir explicar o inexplicável odor que se faz sentir em toda a cidade. Ou os tomates podres ou então o “rio” Túria… Esse elixir de brisa fluvial…
Confesso que Valência foi das cidades que mais me custou orientar-me antes de lá chegar. Tenho por hábito andar a fazer umas pesquisas pela net, já saber os principais locais das cidades que visito e a melhor forma de me movimentar por lá. Com valência isso foi quase impossível, apesar da abundante informação que existe no site de turismo lá do burgo.
Até é normal. Valência é uma cidade muito antiga. Segundo parece já toda a gente por lá andou. Ele foi fenícios, romanos, muçulmanos e por fim aragoneses e espanhóis. Depois a cidade tornou-se um grande porto marítimo, uma capital comercial e ao mesmo tempo uma grande confusão labiríntica, que sem a “preciosa” ajuda de um terramoto ou de um incêndio como em Londres, conseguiu chegar aos nossos dias. Só no início do séc. XX se criaram grandes avenidas arrasando-se pelo caminho uns quantos conventos.
Mas é impossível não se ficar confuso com a cidade. Toda a sua documentação refere um rio, o rio Túria, para além de constantes referências à herança marítima da cidade, até porque recentemente foi palco da America’s Cup. Mas uma pergunta assalta-nos o espírito, logo a seguir à pressão dos 42º centígrados, onde raio é que está a refrescante água que permite estes gajos terem um slogan que anuncia “Valência – um Rio de cultura”? Será que o rio é um sentido metafórico-cultural?
Não, não há mesmo rio. Ou melhor já houve. Mar nem vê-lo (mas já lá vamos). Como percebemos mais tarde, o rio Túria continua a estar oficialmente no seu sítio, só que a água foi desviada para fora da cidade depois de umas enchentes na década de 60 do séc. XX. Agora tem o pomposo nome de Antiguo cauce del rio Túria (antigo leito do rio Túria) e por lá nasceram jardins e campos de futebol para os valencianos passarem os tempos livres. O Rio, esse foi despromovido e obliterado para uma sinistra coisa chamada colector sur, no fundo um esgoto.
Que força é esta que movimenta uma cidade a prescindir do seu rio? Que coisa estranha para acontecer na segunda metade do séc. XX, e que provavelmente é a responsável pelo calor inexplicável e o odor inaceitável que paira pela cidade. Ainda mais estranho é que o leito do rio não foi preenchido, passando a fazer parte do tecido urbano normal. Continuam a manter-se todas as pontes e todos os cais de embarque das margens. Mas o mais psicótico é continuarem a construir-se pontes sobre o “rio”, ainda que por baixo se instale uma estação de metro no leito… Não me parece nada normal este tipo de comportamento. É uma espécie de dor de membro fantasma. Cortaram o rio, mas continuam a senti-lo...



terça-feira, setembro 18, 2007

Roque e a amiga

Estes dois monos impediram-me de conhecer melhor a vida de Aquilino Ribeiro.
Mas isto tem graça, especialmente aquela parte das facadas aqui e ali. Isto tem muito mais piada que os debates para eleições legislativas. É o que de mais sujo existe na vida dos partidos que acaba sempre por vir à tona.
Gostei tanto, que gostava de ficassem os dois. Assim como os gémeos polacos, dois monos pelo preço de um.
Aqui que ninguém nos ouve, e apesar de não haver nada que realmente os separe, Filipe Menezes é capaz de vender cara a derrota...

Gente com tomates


O regresso à rotina de depois de umas merecidas férias. Claro está que a doutrina diverge. Haverá quem me ache um vulgar calão que nem férias merece, mas por enquanto vou preferindo a minha fundamentada opinião sobre o bem que as férias fazem. Aliás, quase é bom trabalhar só para se poderem ter férias.
Desta vez por lado diferentes, ou nem por isso. Novamente Espanha, ou melhor, sempre Espanha, mas por motivos diferentes. Valência e depois Buñol, porque não existem tomates noutras paragens (acho eu). Uma guerra alimentar é algo que é capaz de ferir a mais violenta sensibilidade dos moços dos transgénicos, mas a verdade é que é bem interessante.
Os tomates são apenas uma parte de uma festa, ou antes o seu auge. Últimas quartas-feiras de Agosto de todos os anos, desfilam pelas ruas ínfimas de Buñol, vários camiões carregados de toneladas de tomates maduros (alguns nem por isso) que a custo se movimentam pela multidão de ingleses, americanos, mexicanos, japoneses e uns poucos mas orgulhosos e divertidos portugueses. Sim, os espanhóis parecem ser poucos. Já diz o ditado, em casa de ferreiro…
Uma simples hora, que na realidade é uma eternidade tomatal, acompanhada que é de um pau ensebado com bónus (um jamón como não podia deixar de ser) de umas cañas de litro e de uns bocadillos, logo a seguir de um apinhado Toma-Tren para lá chegar.
Uma festa popular é certo, mas com dress code. A banca que anuncia o Kit Tomatina não o desmente. Uns óculos de mergulhador, uma toca amarela e uma máquina fotográfica descartável com protecção aquática, são acessórios obrigatórios à protecção dos convivas, assim como ao registo para a posteridade. Mas a tomatina é mais que tomates. É também água. Muita água, bem fria e de alta pressão. É também chinelos voadores, concurso mister t-shirt molhada e voadora, mas também concurso de máscaras, sejam elas bananas, vestidos de noiva, quimonos ou simplesmente a farda “Até Já” da TMN.
Uma hora de encontrões e empurrões e a rara oportunidade de levar com muitos mais tomates do que aqueles que se conseguem atirar aos demais e manter um sorriso na cara. Completamente encharcados, com uma coloração excepcionalmente avermelhada e a sentir a pele a estalar à medida que o sol começa a fazer secar o tomate, regressamos ao comboio apinhado e a Valência com a sensação de dever cumprido.
Não é totalmente errado pensar que por aqui se atiram tomates. É preciso tê-los para se participar neste evento e sobreviver incólume :)






sexta-feira, agosto 24, 2007

Vou ali e já volto


Hora das férias que já tardavam. Opto por roubar uma frase chavão ao Max, para garantir que regresso lá mais para os meados de Setembro.
Prometo trazer molho de tomate feito na hora :)

quinta-feira, agosto 23, 2007

Frase do dia (esta é minha)

Há algumas empresas que são como alguns acidentes de viação. Não morre ninguém por mera sorte.

segunda-feira, agosto 20, 2007

O meu país é esquizofrénico III

Em que outro país civilizado (até já dou de barato que somos civilizados), um ministro, um líder da oposição e um presidente da república, falam sobre a destruição de um (apenas um, e pisado. Não foi propriamente um auto de fé...) hectare de milho perdido algures no interior do país, seja ele transgénico, escalabitano ou marafado. Isto é um caso de polícia e é inimaginável que alguém possa exigir a presença do primeiro ministro e do MAI no parlamento. Marques Mendes anda a reboque do que de insignificante acontece neste país... Que remédio...

quinta-feira, agosto 16, 2007

São radares, Senhor

Ainda continuamos a passar os dias a apreciar as maravilhas da tecnologia moderna. Mesmo que essa tecnologia seja banal ou até comum em muitas zonas do país.
Nos últimos meses temos passado o tempo a contemplar os extraordinários resultados dos radares de Lisboa, como se não houvesse radares em mais parte nenhuma do mundo.
Não só reforça o egocentrismo da Capital, até porque a circunvalação já tem radares há mais tempo, como nos diverte esta espécie de luta da nossa tradicional selvajaria na estrada contra o controlo opressor do mundo civilizado.
Eles estão lá como que a pedir para serem ignorados, pois só dessa forma é que se podem continuar a alimentar folhas e folhas de jornais e peças e mais peças de reportagem nos canais de televisões.

segunda-feira, agosto 13, 2007

sexta-feira, agosto 10, 2007

No fundo

Já por vezes se falou por aqui da comunicação social. Muitas vezes se fala da comunicação social em Portugal, porque não são poucas as vezes em que esta se torna o sujeito da notícia, ou porque manipula e interpreta abusivamente as notícias.
Mas agora batemos no fundo. Na altura em que a imprensa inglesa, a qual haverá poucos adjectivos que a classifiquem de forma positiva, acusa a nossa imprensa de sencionalismo à laia de tablóide, então ou o mundo está ao contrário ou temos mesmo uma comunicação social mesmo muito má.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Convergência nominal

Ando no mesmo ginásio que um antigo ministro das finanças... da direita...
Talvez seja melhor mudar para alguma coisa mais proletária, porque a convergência real ainda vai longe.

quarta-feira, agosto 01, 2007

Vacas Sagradas

Existe uma luta permanente dentro de nós entre a consciência da nossa mortalidade e a grandeza do nosso espírito. Todos, mas todos sem excepção, almejamos a algo mais do que temos. É uma característica da humanidade que aos poucos nos tem empurrado para mais longe, muito embora nem sempre nas melhores direcções.
Depois há os que de entre nós se destacam nas mais variadas profissões e artes. Pessoas de uma maior sensibilidade, mas principalmente de uma visão que não está disponível para todos.
Aqui em Portugal temos alguns, mas como a nossa maior virtude é o chico-espertismo, temos tendência a ignorá-los ou até a maltratá-los, olhando-os de lado porque se pretendem destacar num país que condena todos aqueles que querem levantar a cabeça.
Tudo isto até ao momento em que alguém se torna providencial ou é reconhecido no estrangeiro com um prémio. Nessa altura tudo é diferente e essa pessoa até aí quase desprezada, atinge o nível de vaca sagrada. E há muitas neste país.
Mas o problema das vacas sagradas não são os próprios, mas sim a legião de acólitos que ao seu mais leve gesto, ocorrem a discorrer verborreia vária, contra os detractores do mestre.
É o caso de Saramago. Eu leio-o e apesar de alguns amigos acharem que me dedico demasiado ao Nobel, já o lia antes de ele o ganhar e não se tornou uma referência maior na minha vida por ter ganho o Nobel. Que bom para ele que o ganhou e que bom para a língua portuguesa onde nenhum escritor antes tinha ganho este prestigiado prémio. Nem sequer é o meu escritor português favorito, mas não haja dúvida que é importante.
Agora, daí a considerar-se imediatamente como verdade absoluta tudo o que senhor diz, não me parece que seja útil a um país que se quer inteligente.
A violência da defesa das palavras de Saramago, como na semana passada no DN, por Ferreira Fernandes, só tem paralelo na violência das acusações.
A ideia peregrina de que Portugal e Espanha se devem unir em torno de um projecto ibérico não só é disparatada, como carece de qualquer fundamentação. Não é porque um homem que geralmente vê mais além do que o comum dos mortais sonha, que esse sonho se torna uma inevitabilidade. Até porque este homem já sonhou outros mundos e outras uniões, com as quais grande parte dos portugueses não se identifica. Muitos dos jornalistas do DN no PREC, lembrar-se-ão da direcção de Saramago, para um mundo novo.
Não é um sacrilégio sonhar-se nem, nem assim tão essencial criticar-se. O que é essencial é o exercício da livre opinião que nos opõe uns aos outros como homens livres. E nessa medida eu não concordo com o Saramago e posso discutir com ele porque não concordo. Ainda assim não me parece que isso deva ofendê-lo ou a toda a legião de seguidores que serve o Nobel.

Boas notícias

Afinal vamos mesmo ter túnel no sitio onde estava anteriormente programado, por baixo da Avenida dos Missionários em direcção a Agualva do outro lado da linha, ao contrário daquela cagada que nos estavam a tentar impor.

sexta-feira, julho 27, 2007

Imprevisível

Não há maneira de ignorar Sarkozy. O presidente francês não voltará a deixar que a França, em tempos no centro das decisões europeias e uma opinião a ter em conta no panorama internacional, volte à situação para a qual se deixou arrastar no segundo mandato de Chirac.
A crise social francesa não está resolvida. As reformas não estão feitas e a oposição de rua ainda nem desfraldou as bandeiras, mas Sarkozy tenta recolocar a França no mundo de forma a que isso ajude dentro de portas, uma vez que os franceses são muito susceptíveis ao papel do país na diplomacia internacional e viam com desagrado a perda de influência.
Nessa estratégia tudo serve. Até a primeira-dama francesa pode dar uma mãozinha nas negociações, até porque tem pinta de quem impressiona um qualquer ditador ranhoso do terceiro mundo.
Sarkozy é ainda em grande medida uma incógnita, mas além de obliterar completamente a presidência portuguesa da União, aposta em opiniões fortes sobre o panorama internacional que naturalmente não lhe irão granjear bons amigos. Aliás, até será difícil perceber, se do outro lado do atlântico, o renovado amigo americano, gostará de saber que Sarkozy reconhece a necessidade de se estabelecer parcerias com países árabes para o desenvolvimento de energia nuclear, numa óptica de produção de energia para o futuro, mas que na realidade é uma grande negociata para as empresas francesas.
Depois das opiniões manifestadas sobre o “suposto” bloqueio da Polónia nas negociações sobre o tratado, depois da sua objecção total à entrada da Turquia na União, depois da parceria nuclear com a Líbia, seguem-se as FARC na Colômbia e qualquer dia o Nobel, mas mesmo assim Sarkozy continuará a ser imprevisível.

quarta-feira, julho 25, 2007

A consciência crítica da República, falou…

… para dizer que apoiava a candidatura de Marques Mendes à liderança do PSD, e logo a Primeiro-Ministro de Portugal.

terça-feira, julho 24, 2007

Clarifique-se

A pergunta impõe-se. Numa altura em que se disputam eleições, ou re-eleições se preferirem, dentro do PSD e depois de manifestado o apoio do Alberto João ao candidato incumbente, a presença deste é fundamental na festa/bailarico/gritaria anti-colonial do Chão da Lagoa?
Ou antes pelo contrário o justo presidente social-democrata que não tolera a possibilidade de apoiar ou segurar autarcas considerados arguidos, pretende com a sua ida à Madeira confirmar o absurdo desafio constitucional que daí vem, quanto à lei do aborto?
Parece-me incoerente defender princípios e valores moralizadores à classe política da República, para logo depois compactuar com a suposta rebeldia anti-colonial de Alberto João. As leis da República aplicam-se igualmente à Madeira e Marques Mendes tem de ser claro sobre se concorda com o golpe de teatro de Alberto João, que espera uma decisão do constitucional que na realidade nunca pediu, ou se é pela aplicação da lei a todo o território nacional.
Compactuar com este senhor, e com o crescente teor das suas declarações sobre a unidade nacional, pode ser imensamente engraçado, mas também pode ser imensamente perigoso para o futuro.

O meu país é esquizofrénico II

A insistência gera sempre frutos. Ainda que poucos. Desta vez a insistência gerou um holofote. Um miserável holofote que ilumina apenas uma das partes reclamadas.
Por isso mesmo já seguiu nova insistência hoje de manhã, acompanhada de novas fotografias detalhando o local.
Fico contente por saber que ainda que não respondam aos mails, acabam por os ler, o que já não é mau.
O que é triste é não se conseguir fazer alguma coisa do princípio ao fim sem que haja críticas ou defeitos a apontar. Ainda estamos longe desse tempo.
Pelo menos o nosso Presidente da Junta (o Justino) mandou-me um mail de conforto...

segunda-feira, julho 23, 2007

O miolo

Anda para aí tudo sempre aos gritos e depois no final acaba por se perceber que não havia necessidade. Parece que se vai tirar o pai da forca ou que nos querem tirar as tripas pelo nariz e depois assinam acordos com o governo, e ainda por cima têm a lata de dizer que se não fossem bons acordos não teriam assinado. Palavras do Sr. Picanço.
E é mesmo isso que estão todos a fazer e não percebo bem a razão de tanto drama. Sindicatos e governo sabem que tal como está não pode ficar e ambos sabem também que têm de fazer render o seu peixe da melhor forma a pressionar a outra parte, a aceitar o que pretende, para que no final todos saibam que aquilo que se vier a assinar acaba sempre por ficar a meio caminho.
Afinal o governo não é o demónio, nem todas as propostas que lança visam depauperar os já vilipendiados e defraudados funcionários públicos. Algumas das medidas são simplesmente justas, ao ponto de com uns toques aqui e ali os sindicatos (ou pelo menos parte deles) as considerarem boas.
Não há razão para os bons apelidos que aqui e ali se vão chamando a uns e a outros. Os sindicatos fazem manifestações e fazem muitas. O Governo não faz, mas era o que mais faltava que não optasse igualmente por manter uma posição negocial forte.
Cá para mim parece-me tudo perfeitamente normal, parece-me que é assim que o sistema funciona e até é conveniente que assim continue a funcionar. As grandes hegemonias nacionais cheiram-se sempre muito mal. A virtude está sempre no miolo…

quinta-feira, julho 19, 2007

O meu país é esquizofrénico

E eu para lá caminho. Mas vamos aos factos, sobre os quais como bom apreciador do melhor estilo Miss Marple, vou tentar não contaminar com os meus furiosos juízos de valor.

Facto nº 1 – O Cacém está envolto em obras do Polis e não possuo rua à cerca de três meses, nem tão pouco iluminação pública;

Facto nº 2 – Na calada da noite, como eu já tinha previsto (ai o juízo de valor), os perigosos meliantes sentem-se protegidos pela escuridão e resolvem investir à pedrada contra a janela da pastelaria em frente à minha porta;

Facto nº 3 – Os meliantes podendo discretamente forçar a fechadura da porta de vidro a 1m da dita janela, resolvem em movimento aparatoso a duas mãos destruir em grande estardalhaço toda a janela, para entrar dentro da pastelaria;

Facto nº 4 – Devido a ausência total de policiamento de rua (ups, juízo de valor. Na realidade a policia tem o dom da ubiquidade) a autoridade tem de ser chamada e chega em movimento igualmente aparatoso, em duas viaturas que atravessa na estrada, onde vêm 6 polícias;

Facto nº 5 – Fruto da sorte que protege os audazes (e não da ausência de policiamento de rua), os meliantes entretanto tinham-se colocado em fuga numa viatura que se encontrava ela tb atravessada na estrada, à moda da polícia;

Facto nº 6 – Os perigosos meliantes levaram consigo uma máquina dispensadora de bolas com brinde no interior (?!?) que se encontrava no local directamente oposto ao da janela partida, logo o mais longe possível.

Facto nº 7 – Já de manhã, numa tentativa de perceber a gravidade da situação, tomo café na pastelaria.

Facto nº 8 – O dono brasileiro da pastelaria confidencia-me que a culpa é dessa mistura de raças que para ai anda. Desses brasileiros, ucranianos e negros sobre os quais tem de se fazer alguma coisa…

Facto nº 9 - Todo este momento esquizofrénico da minha bela localidade, e logo do meu país, foi hoje de manhã participado à sociedade CacémPolis e à Junta de Freguesia correspondente, para que tomem as medidas necessárias e urgentes, de reposição da iluminação pública neste local.

terça-feira, julho 17, 2007

Palavras para quê?

O Alentejo como poderia ser mais vezes por ano. A bem dizer como poderiam ser muitas cidades deste país. Divertidas e cheias de gente. Com ou sem "Cães de louça" :)
É por aqui que tem andado este vosso amigo, caso se estivessem a interrogar...





Para o ano estão todos convidados :) Aviso desde já que a bebida é escandalosa e perigosamente barata...

terça-feira, julho 10, 2007

O comboio dá sempre imenso sumo...

"A culpa é da interferência das parabólicas. Por isso é que as pessoas andam aluadas... É do astro... "

segunda-feira, julho 09, 2007

Lisboa em debate (9)

Muito fraquinho, isto a 12 não tem piada nenhuma. Não há forma de criar debate quando cada um tem um bocadinho para dizer o que pensa. Nem dá para explorar incoerências e tantas que há... Está tudo demasiado metido dentro da câmara e têm todos demasiada responsabilidade na situação actual, os que não estão, não são alternativa válida.

Lisboa em debate (8)

PÁRA TUDO - O Sá Fernandes tem 11 assessores? Até já estou a imaginar quem são...

Lisboa em debate (7)

Já cá faltava a teoria da "Janela Quebrada". Confesso que até me inclino a compreender a teoria e até aceito que poderia resultar em lisboa que está numa situação calamitosa em relação à manutenção do espaço público.
Outra coisa que já cá faltava eram os marxistas, os homossexuais e os imigrantes, que minam a essência branca e pura da capital do império. Sem eles tudo seria mais catita e lindo.

Lisboa em debate (6)

Afinal havia mais aeroporto. Ou melhor, mais portela, que de aeroporto começa a ter pouco. Nada a dizer. O costume.
Bater o pé, algo a que Roseta está habituada. Interessante já falar em equipa... e equipa com quem? fica por esclarecer, porque coitada é perseguida pela RTP.
Realmente houve algumas pessoas que não puderam falar sobre esta temática dos transportes.
Crise financeira, da câmara e do país. Um problema que já conhecemos e que nem sequer interessa muito ouvir.
O prblema da câmara está na falta de vitalidade generalizada da cidade. Lisboa está na situação impar que para atrair pessoas e negócios precisa de gastar mais e para manter os que existem terá que gastar mais. É uma situação absurda que não vai ser fácil de resolver perante uma população idosa e encaixotada em bairros sociais, em que os condominios privados não contribuem nada a não ser para os especuladores imobiliários.
Não é possivel vir agora dizer a todas as colectividades e organizações de lisboa, muitas orientadas e controladas por pessoas de fora do concelho, que a torneira fechou. Lisboa é uma câmara como as restantes no pais e tudo se reflete no abandalho em que se encontra a cidade. Além dos tachos, e até da corrupção que deve haver, Lisboa assegura muitas prestações e responsabilidades sociais que ninguém aceitaria bem se tivessem de acabar. Isto é um problema que não é para dois, quatro ou dez anos.

Lisboa em debate (5)

Autoridade metropolitana de transportes, Aeroporto, Porto de Lisboa, nova rede de eléctricos, Carris, estacionamento e frente ribeirinha, tudo discutido pela rama. Este debate não passa de frases feitas.
A Fátinha continua a dominar. Se ela ainda puder recolher assinaturas, eu voto nela... a sorte é que a bateria do PC está a acabar e a RTP tem de despachar isto porque a seguir tem dois episódios da Anatomia de Grey (a não perder...). Além disso já está tudo a ver o documentário sobre o mundial na SIC e a novela na TVI.

Viva o CDS

Via o CDS passado, o CDS futuro e o CDS presente. Vivam também os CDS's dissidentes.

Lisboa em debate (4)

Estou com a Helena Roseta sobre a baixa chiado (deve ter sido por ser ela a primeira a falar). Tornar a zona mais chique do que já é (???) e por isso mesmo razão da sua desertificação, é um absurdo. A baixa tem de se tornar uma parte da cidade como as outras. Precisa de ser recuperada e repovoada, seja qual for o tipo de famílias que as habitem, que logo se seguirá o carácter próprio da zona. A ideia de transformar a baixa chiado numa espédie nostalgia Kitsch, em que Lisboa é apenas uma réplica de todos os restantes centros históricos do mundo, não faz sentido. Afastar os carros do centro faz-se com transportes públicos e com vias alternativas que não atravessem o centro.
Aqui não há novidades, todos concordam. É preciso reabilitar e repovoar. Ninguém sabe onde vai buscar o dinheiro, mas vão fazer. Sem novidade, todos (ou quase todos) contra António Costa.
Extraordinário é ser considerado que o Chiado não pode ser vedado ao transito, porque as pessoas estão habituadas... é surpreendente. As pessoas não se podem habituar a novas realidades. E talvez não possam porque parques de estacionamentos são inviabilizados de imediato, não por serem tecnicamente impossíveis ou porque não é essa a ideia que se tem da cidade, mas ninguém sabe bem qual é...
Garcia Pereira é o primeiro a aflorar assim muito ao de leve a questão (esquecida, claro) da autoridade metropolitana de transportes. Esperemos que se fale mais noutra parte.
Mais um momento interessante, protagonizado por Pinto Coelho. "Não queremos viver no big brother"... queremos antes o estado policial que é outro nome de chamar a mesma coisa...

Lisboa em debate (3)

PNR allez allez... O candidato nacionalista (o candidato fora de sistema) só vem acrescentar banalidades num discurso sem cabeça, tronco e membros. Com tanta televisão já era altura de não lhe tremelicar a voz...
Surpresa é o candidato do MPT. Já tinha gostado da entrevista que o candidato tinha feito na RTP em que optou por ir para cacilhas para observar a cidade na sua totalidade. Parece-me que para pequeno partido, o candidato sabe bem o que quer e sabe expressar-se. Isso é muito positivo.
Acaba a ronda de habitação sem surpresas, e com o projecto da Zézinha, a atalho de foice...

Lisboa em debate (2)

Trica, trica, trica... A Fátinha continua a ser o maior evento deste debate. O Manuel Salgado é bom que ganhe e que faça alguma coisa desta vez. Se não for desta, é melhor arrumar a trouxa e ir para outro município.
Uma coisa é clara, a haver alguma coisa que mude em lisboa, tem de se começar por habitação porque a cidade está vazia.

Lisboa em debate

Dois anos e pouco, aqui estou de volta às lides autárquicas. Creio que dificilmente este debate vai ter tanto interesse como o de há uns anos entre Carmona e Carrilho. Mas tenho de ser justo, esta eleição fazia parte das autárquicas que me interessavam. Vamos a isto... mas com esta senhora vai ser dificil...

Até parece que estou a ficar velho...

O que é que eles fizeram aos sapatos normais? É alguma grande conspiração mundial (dos americanos, claro) para obrigar os homens a parecerem ridículos? Já nos tinham obrigado a comprar roupa que parece ser em 2a mão. Agora querem que compremos sapatos que tb parecem ter sido usados, mas depois deram-lhes um jeito com meia dúzia de adesivos coloridos.

7 e picos

Isto é que foi uma semana em cheio. Quem diria que um 7, um simples 7, daria pano para mangas. Confesso que desconhecia esta simbologia em relação ao número e em relação a qualquer outro número. Certamente uma resistência absurda da minha parte a este tipo de esoterismos simbólicos. Mas enfim, isto foi festa rija.
Casamentos por todo o lado na esperança vã das noivas que os noivos se lembrem da data do seu casamento, nos próximos 50 anos em que esperam estar casadas. Maravilhas com fartura por Lisboa e recordar a importância do ambiente pelos 7 (outra vez) continentes. Tudo coisas importantes, umas mais que outras, e dessas a questão do ambiente impõe-se.
Nada de alarmismos, mas é urgente atalhar caminho para uma solução global quanto às alterações climáticas, que envolva todos sem excepção, sob a forma de um tratado ou de qualquer outra obrigação.
O principal problema da humanidade é ver o ambiente na perspectiva de quem não possui mais do que uns oitenta e poucos anos de vida (e isto já é puxando a média muito para cima). Dessa forma não conseguimos, ou poucos de nós conseguem ter a imaginação de ver o que resta depois da nossa partida e qual o impacto da nossa estadia por cá, até porque já não estaremos cá…
E dessa forma é sempre difícil instituir regras sobre o que fazer que não passem sobre o imediatismo do presente e quando vamos tentar fazer alguma coisa, já vai ser tarde demais.
Nada de alarmismos. O planeta não vai acabar. Vai acabar por se autocorrigir, dando lugar a novas realidades. Novos desertos, novas florestas, novas glaciações, novos oceanos e novos continentes. Mas isso tudo nós já sabíamos. Vão morrer muitos seres humanos pelo caminho. E então? Já nos divertimos a matar-nos uns aos outros muitíssimo mais do que qualquer catástrofe ambiental. A grande maioria, senão a totalidade dos que sobreviverem vão ter de se adaptar como sempre fizeram ao longo dos tempos a novas realidades. A novas roupas, a novas casas, a novos locais para habitar, a novas alimentações, talvez a menos variedade e fartura. O planeta não é, nem nunca foi uma realidade estática e é inevitável que nós somos demais e exercemos sobre o planeta demasiada pressão, que tem de ser resolvida de alguma forma.
Ora se o planeta aquece demais, o próprio planeta se encarregará de o fazer arrefecer novamente. Claro está que isto é coisa para uns milhões de anos e não conseguimos imaginar como será daqui a 100 anos quanto mais daqui a um milhão de anos,
Mas optimismo acima de tudo. Já passámos (em princípio) o perigo da auto aniquilação nuclear que era uma realidade bem mais rápida e mortífera e mais rápida do que o aquecimento global, mas isso não deve desresponsabilizar-nos do trabalho que está pela frente.
O Ambiente e a sua protecção só terão algum tipo de sentido na medida em que forem um negócio. Caso contrário, ninguém se importará particularmente com ele.
Eu já participo reciclando papel, plástico e vidro que depois uma empresa, a cair para algo entre o municipal e privado, recolhe e faz dinheiro para os seus accionistas, quando ainda por cima eu tenho de pagar uma taxa para tratarem os meus detritos. Mas tudo bem.
Eu até estou contente com a possibilidade de ter um contador bi-horário, já troquei as lâmpadas todas de casa para lâmpadas baixo consumo, Só lavo roupa à noite e com a máquina cheia e uso a quantidade certa de detergente, regulei o meu esquentador para não estar sempre a ter de misturar agua fria e até enfiei uma garrafa dentro do autoclismo porque 1.5lt por descarga faz toda a diferença. E espero que tudo isto me faça poupar algum dinheiro no final do ano, se por acaso o aumento das tarifas não “comer” esta poupança.
Aderi aos transportes públicos e basicamente só ando de carro a sério ao fim de semana. Assim divido as minhas toneladas de CO2 por mais umas centenas que gente que me empurra no comboio e poupo na gasolina e nas reparações do carro, até porque não sei o que fazem às peças velhas. Não tenho um único móvel que seja de madeira original. É tudo reciclado de aparas de uma treta qualquer e prensado de acordo com o processo qualquer super ecológico, mas o preço é igualmente caro. Praticamente deixei de utilizar papel e tenho dúvidas razoáveis que ainda saiba escrever à mão, por isso tb quase não uso esferográficas e a respectiva tinta que só ajuda a poluir. Tudo, mas tudo isto para reduzir a minha pegada ecológica. Só mantenho aquela coisa desagradável de continuar a fumar mas mais dia, menos dia e com a ajuda das multas acabarei com esse vício.
Agora, com tanta conversa e depois de ver tantas vezes o Al Gore na televisão resolvi interessar-me por “Carbon compensation”. Queria saber o que poderia fazer mais para compensar a marca que vou deixando no planeta e que aparentemente este leva algo entre 500 a 5000 anos a apagar.
Parecia-me justo até porque deve haver maneira de compensar as viagens que gosto de fazer.
Mas, surpresa, surpresa. Não há nenhuma alternativa que não seja pagar o valor do carbono que “lancei” para a atmosfera. É o negócio no seu melhor. É uma lógica, aplicável a particulares, do acordo de Quioto e que irremediavelmente vai acabar por se revelar infrutífera. No que toca a países passou a haver quotas de carbono e quem as ultrapassar ou por alguma razão que eu possa não entender nesta fase, possa querer poluir mais, pode comprar aos países que têm (aparentemente) natureza a mais, a possibilidade de continuar a fazer disparates. E como vai ser quando comprarmos todas as emissões que a amazónia pode compensar? Para mim é estranho que para eu poder continuar a poluir livremente possa adquirir a possibilidade de num qualquer país que eu desconheço, prevenir a existência de desenvolvimento de qualquer espécie de forma a que meia dúzia dos do costume se possam continuar a encher em vez de procurarem um desenvolvimento sustentado.
É quase tão estúpido como pensar que a China e a Índia é que supostamente devem parar já, porque não queremos este planeta mais sujo que nós aqui deste lado já sujámos.
A continuar assim, vai ser difícil encontrar um ponto de equilíbrio. Façam os negócios que entenderem mas obrigar-nos a dar ainda mais dinheiro do que aquele que já despendemos para compensar o nosso CO2, é capaz de ser um abuso. Acho que vou aderir ao raminho de salsa num vaso.

terça-feira, julho 03, 2007

Lei da rolha, JÁ

Alguém tem de calar estes ministros. O país já só espera qual o anormal que se segue a abrir a boca e a dizer mais uma enormidade. Agora foi o da agricultura e pescas na lota de Matosinhos, com assistência especial do comissário europeu. Ninguém consegue mandar calar estes gajos?

Era tão bom rapaz...

Gosto mesmo de ver televisão. Gosto do desfilar das virgens pudicas do jornalismo inglês à porta dos vizinhos dos alegados terroristas para os ouvir dizer como eram bons rapazes. Tão sossegados ao ponto de nem se lhes ouvir um churrasco no jardim ou um cão a latir durante a noite. Os vizinhos ideais, como todos os imaginamos. Calados e sem se meterem nas nossas vidas.
O nível de puritanismo habitacional sobe aos píncaros quando se sabe serem doutores, quando imaginamos que isto do terrorismo era coisa feita por pedreiros, e cai por terra quando sabemos serem imigrantes. Tinha de ser…
Quem tinha razão era a Agatha. “O assassíno é sempre o melhor amigo de alguém...” Os jornalistas da sua terra é que têm andado distraídos.

segunda-feira, julho 02, 2007

Ehehehe, Hahahaha, Hihihi :)))))) LooooL


Ainda estou para ver as surpresas que o FCP e o Sporting nos vão arranjar...

O que os cabeleireiros e os dentistas têm em comum?

"Não me considero uma mulher burra, mas sim menos interessada..." Telma Mateus (?!?). Quem? Ah, uma daquelas moças do concurso para louras estúpidas. Claro, uma pessoa olha para ti e vê logo porque é que és menos interessada... Foi o interesse todo para outras partes do corpo...

A internet quando nasce, não é para todos


Tudo o que é bom está condenado a acabar. Não há hipótese. Todos os adeptos incondicionais da fotografia, tal como eu próprio me descobri nos últimos anos, e que gostam de partilhar os seus sucessos fotográfico-viajantes com os amigos, estão em risco de perder todo o seu material arduamente colocado na Internet, após horas e horas de uploads.
É verdade. O Yahoo começa a ter dificuldades em lidar com a concorrência do Google e além de ter substituído recentemente o seu CEO, vai começar a fechar serviços úteis, gratuitos e populares.
É o caso do Yahoo Photos. Depois de terem investido fortemente (no ano passado) numa nova plataforma para onde migraram todas as fotos, com capacidades nunca antes vistas neste tipo de recurso, resolvem fechar a loja a 20 de Setembro deste ano, com a desculpa que não podem investir em duas plataformas e assim escolhem apenas uma, por acaso com custo...
Até aqui podíamos dizer que há muitas marias na terra e por isso podíamos mudar para qualquer outro serviço. O problema é que a alternativa apresentada pelo Yahoo para a transferência das imagens de forma automática (ao contrário da manual que se tornaria nalguns casos irreal) tem custos para os utilizadores.
O Flickr apenas permite ver as últimas 200 fotos, caso contrário temos de nos chegar à frente e além disso a plataforma deixa muito a desejar.
As restantes alternativas Kodak Gallery, Photobucket, Shutterfly ou Snapfish, obrigam a ter o que se chama uma participação activa pelo menos uma vez por ano… Ou então apresentam restrições quanto ao volume de fotos colocadas.
No interesse que julgo estas coisas têm para um público cada vez mais vasto, permito-me sugerir o AOL Pictures. Pelo menos enquanto continuar a haver AOL...
A plataforma é quase igual à do Yahoo, é gratuito e ilimitado. Tem a desvantagem que se tem de carregar para lá todas as fotos novamente uma a uma, o que levará naturalmente vários dias. Mas vale a pena porque é gratuito e bom. Boas fotos para todos :)

Uma simples assinatura




Aministia Internacional

domingo, julho 01, 2007

Viva o Benfica

A entrada de Seara na campanha de negrão em Lisboa é suposto ajudá-lo??? Alguém me ajuda a compreender como é que a terceira escolha, agora promovida a primeira, se considera bem acompanhada pela segunda escolha, agora suplente para outras núpcias???
De facto não entendo. Um candidato que se quer forte não pode fazer-se acompanhar por outros que aparentemente o partido pelo qual ele concorre, gostaria mais de ter visto naquele lugar. É no mínimo sinal de fraqueza, mas dá sempre jeito para acompanhar numa feira. Afinal nem todos têm o à vontade do Portas e para quem não está habituado, isto das feiras pode ser uma coisa muito solitária.
Mas vejamos bem. Qual é a razão objectiva de Seara querer acompanhar Negrão ou de este ter convidado Seara. Não será certamente pelo estrondoso trabalho de Seara na câmara. Quem vive no concelho de Sintra, pouco ou nada têm visto dos últimos mandatos de Seara. Aliás estou a mentir, Não temos visto nada que seja responsabilidade directa da câmara, muito embora tudo por aqui (da minha janela e não só) pareça um verdadeiro estaleiro. O problema está em que estas obras do Polis ou o alargamento do IC19 não são obras exclusivas do executivo camarário. Antes obras em parceria com o outro executivo, aquele maiorzinho que fica lá para os lados de São Bento. Sobre o urbanismo nem vale a pena falar. As aberrações sucedem-se, este concelho está totalmente a saque e nas mãos dos vulgares construtores civis e o trabalho visível da câmara resume-se à gestão de danos.
A titulo de exemplo é interessante perceber que Seara fez aqui no Cacém o especial favor de colocar no poleiro os actuais presidentes de junta da sua estrondosa coligação. Até aqui não se via qualquer obra por mais mínima porque os presidentes de junta não tinham essa cor feliz e jovial que é o laranja, tinham outras tonalidades e logo não se pode colaborar com essa gente. Agora surgem áreas ajardinadas de 2 ou 3 metros quadrados para se dizer que alguém faz alguma coisa, e logo se coloca um gigantesco cartaz, muitas vezes literalmente maior que a obra, e para a posteridade fica um mini obelisco que identifica a autoria em azulejo.
Nada disso, não é por ser um excelente presidente de câmara que Seara visita as feiras com o Negrão. Ele faz isso porque Negrão também é do Benfica e ser do Benfica dá votos. Seara ganhou a câmara e a grande maioria das juntas do concelho com um sucedâneo da expressão “Ninguém pára o Benfica” adaptada às distintas realidades, “Ninguém pára o Cacém”; “ Ninguém pára Queluz” ou “Ninguém pára a Terrugem”, ao ponto de haver nas mesas de voto quem perguntasse qual era a posição do “gajo do Benfica” nos boletins de voto.
A estratégia é clara. Eusébio ao almoço e Seara à tarde, na feira. Amanhã quem será?? Não interessa, a única coisa importante é o Benfica.

quarta-feira, junho 27, 2007

Momento de rara beleza Suburbana II

Não há comentários a fazer há possibilidade de se abrirem portas de um comboio entre estações, para linhas onde passam outros comboios. Não há comentários a fazer sobre as pessoas que se atiram à linha e cuja idade não permite o equilíbrio de outros tempos, o que resulta em cabeças partidas, para as quais não há qualquer ambulância ou assistência que não a de outros passageiros. Não há comentários a fazer às mensagens dos maquinistas cujo sistema sonoro funciona à terceira e que quase dizem às pessoas para se atirarem para a linha. Não há comentários a fazer sobre a grade com chave que previne a saída da gare para a linha, mas que igualmente impede de aceder da linha para a gare porque a chave está em parte incerta. Não há comentários a fazer que não haja qualquer procedimento de emergência para estas situações que pelo menos utilize uma escada articulada para as pessoas descerem de um comboio. Não há comentários a fazer sobre a falta de informações na gare.
Somos mesmo um país atrasado onde a mais pequena tragédia do dia a dia acaba por ter um impacto desnecessário.

Momento de rara beleza Suburbana









sexta-feira, junho 22, 2007

Somos pela opção Linha do Norte + 1 (ou 2)




Como dificilmente teremos um TGV a sério, podemos sempre arranjar um a brincar. Afinal sempre fica mais barato do que qualquer tipo de projecto que se queira fazer no país e pelo que se vê no filme, é igualmente cosmopolita.
Aliás, é inaceitável que o governo imagine a possibilidade de fazer o TGV sem se discutir o assunto durante mais 30 anos, com recurso a pelo menos mais 32 estudos, das 75 localizações alternativas.
Este é um governo anti-natura. Não compreende a nossa verdadeira essência.

quarta-feira, junho 20, 2007

Debate + 5 (de fora)

Dizem que os opostos se atraem, mas eu não segui nenhuma área de agências por isso não tenho a certeza. Na realidade só tenho uma certeza e ela é que me entristece muito ver Garcia Pereira num protesto comum com o PNR à porta do debate. Não partilho do projecto político de Garcia Pereira mas respeito-o muito e teria preferido que protestasse pelo direito que lhe assiste a participar nos debates, que sucessivamente lhe é negado, mas que se demarcasse do sujeito dos olhos esbugalhados.

terça-feira, junho 19, 2007

Pontos de vista

Não conheço a zona, mas o rio Teixeira fica algures entre os concelhos de Vale de Cambra, São Pedro do Sul e Oliveira de Frades. É uma zona relativamente virgem do ponto de vista ambiental, e por isso mesmo tem inúmeros encantos. Tem acessos difíceis e escarpas perigosas e por isso mesmo é que é ideal para certo tipo de desportos.
No rio Teixeira há uma espécie de açude. Este tem uma utilização eminentemente agrícola. Mas apesar de todo o tipo de características próprias da zona, o açude que retém água livremente, é tecnologicamente avançado e está pensado para que sempre que o caudal de água atinge determinada dimensão, ao ponto de as bombas no local não conseguirem reter a água, é enviado um alerta ao presidente da junta local, que provavelmente receberá este alerta por sms.
E o que faz? Nada. Simplesmente nada. Mas porque raio seria necessário avisar bombeiros ou quem quer que seja da incapacidade de retenção de água do açude, se na realidade ninguém lá vai e não há nada que se possa fazer?
É mais um sinónimo dos dois países que continuam a viver aqui dentro. De um lado aqueles para quem um rio é um divertimento e do outro, aqueles para quem um rio é só água com que se rega as couves.

segunda-feira, junho 18, 2007

Soma e segue

Como já tínhamos por aqui falado sobre aquele moço das ganzas no médio oriente, e do outro electricista (este no Dolo) que foi avisado do mandato que contra ele existia na arábia saudita, eis que voltam os portugueses totós.
Desta vez ainda mais totós. É muito interessante esta forma de ser em que passamos a vida a dizer mal do país em que vivemos, mas conseguimos exercer da maior sobranceria em relação a outros povos e realidade no pior dos sítios, que é na casa deles.
Alguns dirão ou pensarão que muito boa gente também vem aqui ao burgo tratar-nos com sobranceria. É verdade mas convenhamos que esses não portugueses e para este registo não me interessam para nada até porque quase sempre estamos prontos a ser humilhados desde que seja cá dentro.
A ideia, a meu ver, totalmente descabida de subir a um poste para roubar uma bandeira, desconhecendo claramente o contexto cultural do país em causa, já para não dizer que não há nada que os ditos letões digam que seja compreensível para o ouvido português, não me parece infantil como disseram os jovens portugueses nas sempre interessantes chegadas à Portela, é na realidade cretino. Provavelmente tinham acabado as bandeiras magnéticas para o frigorifico lá na praça.
Aos poucos vamo-nos tornando estúpidos. E ainda que sejamos pobres somos muito mais ricos que muitos outros e portanto abriu-se um enorme possibilidade de sermos cretinos em imensos sítios do mundo.
Depois resta-nos queixarmo-nos e dizer que o MNE não fez tudo para nos livrar da nossa cretinice.
Volto a frisar por aqui que o MNE tem, e creio que há muitos e longos anos uma página na Internet dedicada a informações sobre países para onde os portugueses viajam, que obviamente não é consultada.
Ainda assim não posso deixar de notar o tipo de ambiente que os países de leste que entraram na União vieram trazer a esta Europa. A que custo se avançou para o alargamento e o que este tipo de nacionalismo bacoco pode prejudicar todo o continente. Mas isso são contas de outro rosário...
Lá se acabaram as férias…. De regresso ao trabalho…

segunda-feira, junho 11, 2007

Hoje é que é

Quando terminar o colóquio de hoje na Assembleia, já vamos saber onde fica o novo aeroporto de Lisboa.
Na margem norte, na margem sul ou na margem Polilon, ou melhor, bem podia ser no Pólo Norte no Pólo Sul ou no Polilon. O saudoso fecho de correr que a mamã usa. A mamã e as outras senhoras.

E que falta faria um fecho de correr neste assunto…

E daí talvez não… com seis novas localizações fresquinhas, isto é capaz de durar pelo menos até 2050. E depois com o aquecimento global já nem é necessário construí-lo.

Ainda assim esta ideia de Alcochete agrada-me muito, vamos ver o que dá…

domingo, junho 10, 2007

Dia de Portugal

Hoje foi Dia de Portugal. E a comemoração desta data é capaz de dizer muito sobre nós.
Desde logo a própria data que é absolutamente irrelevante do ponto de vista da nacionalidade. Portugal não nasceu em nenhum dia 10 de Junho de ano nenhum da graça de nosso Senhor.
10 de Junho é na realidade a data da morte de Camões. É um facto indesmentível que esse grande poeta foi dos que melhor nos soube interpretar. Mas em grande parte a sua influência póstuma mais nos condiciona do que nos recorda, e por isso a sua obra mantém uma gritante actualidade.
Não celebramos a vida de Camões, até porque basicamente o ignorámos em vida. Celebramos a sua morte porque é essa a única forma que conhecemos para homenagear quem quer que seja num pais em que o destaque dos vivos é geralmente mal reconhecido pela generalidade dos outros vivos portugueses. Pelo menos os mortos não se criticam uns aos outros.
O simples facto de ser Filipe II Espanha (I de Portugal) que reabilita a imagem de Camões após a chegada a Lisboa, quando pretendendo conhecer o poeta, descobre que já tinha falecido e estava enterrado numa qualquer vala comum, torna estranha a ideia de ter como dia nacional a celebração da morte de um homem que não conseguimos respeitar.
É a vida, dirão alguns, e por estas bandas a vida sempre foi madrasta para muitos.
Mas a ausência de qualquer festejo verdadeiramente popular, a ausência de símbolos, como o cravo de Abril, a não ser a própria bandeira nacional e as armas de Portugal (que não dão muito jeito para transportar se não for para a bola), leva a crer que a ideia de nação não está claramente enraizada em nós.
Não gosto de alimentar a ideia que somos uma sucessiva consequência de incidentes, uns mais felizes e outros mais infelizes, mas a realidade (por mais que nos custe) é que em praticamente nenhum momento da história portuguesa desempenhámos um papel colectivo enquanto povo, na defesa do interesse nacional. Antes, fomos quase sempre egoístas sobre as nossas pequenas mesquinhezes, sobre as terras, os negócios de família, mais tarde o comercio nas colónias etc. Tudo sobre aquilo que nos afectava directamente nos nossos locais de origem e nunca numa perspectiva nacional. Exemplos disso são a perda da independência, a restauração da mesma e até o 25 de Abril.
O país sempre foi dirigido por meia dúzia de iluminados, pertencentes a elites culturais que como no séc. XVIII, mais se identificavam com a França do que com o povo ranhoso que vivia aos seus pés e servia nas suas casas. Mas também sempre foi fortemente influenciado pelos endinheirados borregos que não tendo qualquer referência cultural faziam valer o peso dos seus anafados corpos e da sua anafada carteira.
Ao longo da história este desinteresse generalizado no futuro do país, enquanto entidade em que nos poderíamos rever com orgulho, foi habilmente aproveitado por elementos das elites que se iam revezando em orgias sanguinárias nos finais de cada ciclo político.
Habilmente conseguiram interpretar esta necessidade urgente dos homens providenciais, porque todos estávamos demasiado ocupados com o nosso quintal do que com o país.
Ainda somos assim. Ainda queremos homens providenciais, ainda queremos que tomem conta de nós. Ainda somos governados por elites que gostam mais do estrangeiro do que de nós, ainda somos ranhosos, o dinheiro ainda se sobrepões à justiça, e parecemos relativamente contentes com isso.
O país continua mesmo a ser o país de brandos costumes. Não se passa nada de particularmente importante neste país que nos faça levantar da cadeira, não haja o risco dela cairmos.
Já foi há muito tempo, e por isso a classe politica parece mais interessada em comemorar Abril e a Republica (não, não estou a criticar), mas o verdadeiro feriado nacional deveria ser a de 5 de Outubro, que marca o tratado de Zamora em 1143 que deu origem a este país. Mas infelizmente essa data já está ocupada.
Falta muito para cumprir Portugal, mas não quero parecer pessimista. Tudo isto tem algo de bom. Não nos levamos demasiado a sério como país e isso só nos pode ajudar. Levar tudo demasiado a peito só nos pode tornar iguais aos demais e nos fará perder em comparação e em dimensão. Temos a nossa própria especificidade, e apesar de continuarmos a ser um povo triste, já começámos a aprender a rir de nós próprios.
Fico contente que não nos tenhamos de levantar ao som do hino nacional e com o hastear da bandeira nas nossas escolas. Gosto de ter a possibilidade de não gostar de nós nem de Portugal. Mas um pouco mais de empenhamento não nos faria mal.


terça-feira, junho 05, 2007

Tinha de ser...

Já quase há mais de três semanas que não havia uma grande conspiração em que estivessem em causa dirigentes socialistas e alguém com o nome Soares. Agora vamos ver se tb vão aparecendo notícias a conta gotas de mais uma grande investigação jornalística de alto nível.

sexta-feira, junho 01, 2007

O que fazer da TVI?

Como é que se pode imaginar a continuidade do projecto da TVI com este tipo de relatórios internacionais? Não pode.
O canal que mais espreme o sangue, mesmo onde ele não existe, não é compatível com esta ideia absurda de sermos o nono país mais seguro/pacifico dos 121 analisados.
Será que vão acabar as criancinhas doentes, a violência urbana, as agressões e os homicídios? Se isso acontecer o que vai dar a TVI nos seus inúmeros espaços dedicados à decadência humana? Vai ser difícil para a estação de Queluz e nem os espanhóis, nem o Pina Moura, vão conseguir salvá-los.
Brincadeira, claro. Mas este é um interessante relatório sobre nós. Como quase sempre, vendo de fora, este país acaba por ter mais piada e são quase sempre os estrangeiros que reconhecem as nossas maiores qualidades.
Claro que somos pacíficos, Claro que somos seguros. Já todos sabíamos disso, mas ainda assim insistimos em permitir que se alimente a ideia que quase não podemos pôr um pé na rua sem que sejamos atacados por um qualquer grupo infantil pretendente a gang profissional, que vive à conta dos auto-rádios que rouba para alimentar o vicio dos caramelos.
Temos problemas como a maior parte das civilizações ocidentais, e mesmo que tenhamos a mais incompetente das polícias (a ver pela Sky News), estamos longe dos índices de perturbação social interna ou externa que existem noutros países.
Além disso estamos longe da possibilidade de qualquer conflito armado. Estamos longe de toda a gente, o que para estas coisas é sempre positivo, estamos numa Europa que nos integra e numa NATO que basicamente nos protege. Não fazemos mal a ninguém e talvez por isso ninguém nos tem querido fazer mal nenhum.
Vejamos o exemplo dos nossos amigos espanhóis. Se porventura houvesse um iminente projecto de anexação de Portugal pelos hermanos, reserva mental que também gostamos de alimentar, o nosso lugar nunca seria o nono. Já a classificação espanhola (21º) deriva mais de condições específicas das diferentes “nações” espanholas e da ameaça terrorista do que de um ambiente generalizado de insegurança.
Um interessante aspecto deste relatório é ver todas essas arrogantes nações que dominam o planeta, nas ruas da amargura deste índice. Outro aspecto importante e tido em conta na análise, têm a ver com o rendimento individual e o nível de escolaridade. Que é como quem diz se ganhássemos mais e tivéssemos mais educação poderíamos ser o primeiro. Quem diria…

quarta-feira, maio 30, 2007

Eu não fiz greve

Hoje foi dia de greve Geral, mas nem por isso houve grandes mudanças no dia a dia que se assemelhassem a algo diferente de uma normal greve dos transportes públicos ou da função pública.
Sou sindicalizado no SNTCT, filiado na CGTP e muito embora reconheça a importância dos sindicatos na regulação de um trabalho justo em sede de concertação social ou até na rua, ainda que compreenda o sentido de algumas preocupações e reconheça a bondade de alguns dos protestos, não fiz greve.
Não fiz, porque a greve geral não faz qualquer sentido nesta altura, e os resultados aí estão para provar que não há objectivamente qualquer razão para a convocar.
Desde logo, a organização de uma greve geral que apenas conta com a organização de uma das duas centrais sindicais, é indicativo que aquilo pelo qual se pretende protestar não é linear, nem tão pouco é exemplo de uma generalizada agressão ao conjunto dos trabalhadores e dos portugueses.
Infelizmente esta greve perde-se na magnitude que pretende atingir. Aplica-se a toda a gente e por isso mesmo quase ninguém se consegue rever nela.
Hoje, os maus patrões, os maus empresários, os exploradores de mão-de-obra barata, não terão tido qualquer dificuldade em continuar a laborar normalmente, porque a CGTP esteve o dia todo a brincar aos partidos políticos. A CGTP marcou esta greve geral não contra qualquer objectivo obscuro do patronato em explorar ainda mais os trabalhadores, mas contra o governo, e está a provar-se que além dos sectores habituais, onde geralmente já aconteceram dezenas, senão centenas de greves no passado, mais ninguém aderiu à greve.
Esta greve geral não faz sentido porque os seus argumentos não colhem junto da maioria da população portuguesa, porque a generalidade dos portugueses continua a não compreender a linguagem hermética dos sindicalistas e acaba por concordar com grande parte das medidas implementadas pelo governo a quem deu maioria absoluta há apenas dois anos.
Aliás, essa é a questão fundamental. São apenas dois anos. Depois de um período de inaceitável instabilidade politica que não favorece nem beneficia ninguém, os sindicatos pretendem fazer crer que este governo ameaça o estado social e as suas características e que deliberadamente persegue os trabalhadores portugueses.
O que a generalidade dos portugueses vê é que apesar do panorama obscuro que se pretende pintar e apesar do momento difícil em que vivemos, que ninguém escamoteia, nem sequer o governo, não há nenhuma prestação social do estado que esteja em risco. Ainda que sobre essas prestações se introduzam critérios essenciais de racionalização dos recursos, assim como uma maior pressão sobre os aproveitadores, que julgo todos os que delas beneficiam compreenderão perfeitamente.
Que se pretende racionalizar e dar ordem ao desperdício. Que se pretende regular ou mitigar as diferenças que o Estado inexplicavelmente concedeu ao longo de anos aos regimes especiais dos seus funcionários e acabar com reminiscências corporativas que tantas profissões continuam a beneficiar. Além de tantas e tantas outras coisas.
Claro que o caminho é longo e difícil, mas os sindicatos não parecem querer ceder em absolutamente nada, apesar de constantemente afirmarem a necessidade de outros cederem. Os sindicatos não sabem quais os verdadeiros interesses dos trabalhadores que defendem, apenas interpretam esses interesses. Não comunicam com os trabalhadores, apenas lhes apresentam as decisões que já tomaram e se esforçam por lhes provar que se alguém sabe o que é melhor para eles é o sindicato.
Preferem alarmar-se com os manuais anti-corrupção na administração pública, porque é melhor ter cúmplices do que chibos, preferem que possam existir empresas em que os funcionários têm 36 dias úteis de férias, como no metro de Lisboa, quando os trabalhadores do sector privado apenas podem ter 25 dias condicionados à assiduidade, há cerca de 3 anos.
Assim estas greves nunca terão qualquer fundamento, nunca os portugueses compreenderão quem é que os sindicatos pretendem proteger e nunca lhes perdoarão defenderem os privilégios de uns em detrimento de outros em vez da equidade, igualdade e justiça para todos, apesar do discurso habitual.